Sacramento da Reconciliação



Ex. de Consciência 1  Ex. de Consciência 2

(Quem desejar confessar-se fora dos horários estabelecidos deve articular com o pároco, pois está sempre disponível)

 O nosso grupo de leitores para a Liturgia da nossa comunidade é constituído por cerca de 36 elementos e tem como principal missão a Proclamação da Palavra de Deus nas várias eucaristias da paróquia.
Estão distribuídos segundo uma escala determinada e procuram cumprir com a máxima competência e dignidade o seu ministério pastoral para o qual se comprometeram.
Tem reunião de formação (doutrinal, litúrgica, espiritual e bíblica) todos os meses, na 2ª sexta-feira, pelas 21h00, no salão paroquial.

Podem fazer parte deste grupo todos aqueles que:

1)    levem uma vida consentânea com a fé e o múnus que vai desempenhar.
2)    participam activamente e estejam bem integrados na vida pastoral da paróquia.
3)   vivam e cultivem o espírito de comunhão, de disponibilidade, de compromisso, de sacrifício, de dedicação, de honestidade e de humildade.
4)   tenham saúde e condições físicas, saibam ler bem e tenham qualidades vocais inerentes e indispensáveis para a proclamação da Palavra de Deus.
5)   possam estar presentes nas reuniões, participam nas celebrações litúrgicas e  tenham disponibilidade para participar nas diversas formações doutrinais, litúrgicas e bíblicas.

 Coordenadores: José Manuel Vasconcelos e Ana Paula da Costa Carneiro

LINK:  Leitor a partir do Concilio Vaticano II

NOTA: para mais informações contactar o Cartório Paroquial ou o coordenador do grupo.

 

O LEITOR NOS DOCUMENTOS DA IGREJA

Introdução

O que diz a Igreja, cujo mistério acabamos de recordar, acerca do leitor e do serviço que ele realiza na liturgia?
Nada melhor para o saber do que apresentar as afirmações dos documentos da reforma litúrgica a esse respeito, na ordem cronológica da respectiva publicação. Os leitores encontrarão, aqui, a palavra mais segura sobre a importância do serviço que prestam às suas comunidades.

Constituição Sacrosanctum Concilium (04/12/1963)

1. Após muitos séculos de silêncio sobre os leitores leigos na liturgia, a Igreja, na Constituição Sacrosanctum Concilium, veio lembrar que eles realizam um verdadeiro ministério litúrgico, e que, para o fazerem com piedade e do modo que convém, precisam de duas coisas: imbuir-se de espírito litúrgico e formar-se cada vez mais.
«Os (...) leitores (...) desempenham um autêntico ministério litúrgico. Exerçam, pois, o seu múnus com piedade autêntica e do modo que convém a tão grande ministério e que o Povo de Deus tem o direito de exigir. É, pois, necessário imbuí-los de espírito litúrgico (...) e formá-los para executarem perfeita e ordenadamente a parte que lhes compete» (SC 29: EDREL 2083).

Instrução Inter Oecumenici (26/09/1964)
2. Logo a seguir à publicação da Constituição litúrgica, antes da reforma começar a ser realizada, distinguia-se entre missas solenes e missas não solenes. Nestas últimas, o leitor podia ler todas as leituras e cânticos intercalares antes do Evangelho, até então lidos pelo celebrante. «Nas missas não solenes, celebradas com a participação dos fiéis, as Leituras e a Epístola com os cânticos interleccionais podem ser lidas por um leitor idóneo (...) enquanto o celebrante escuta, sentado» (IO 50:EDREL 2249).

O Evangelho da Paixão (25/03/1965)
3. O leitor leigo pode mesmo ser chamado, na falta de ministros ordenados, a proclamar uma parte do Evangelho da Paixão do Senhor, no Domingo de Ramos e na Sexta-Feira da Paixão do Senhor.
«Na falta de um, dois ou três diáconos ou presbíteros, o Evangelho da Paixão e da Morte do Senhor pode ser proclamado por outros clérigos, ou mesmo por leigos, vestidos porém com vestes litúrgicas».

Instrução Musicam sacram (05/03/1967)
4.1 Os leitores têm um lugar próprio nas acções litúrgicas. Ter um lugar próprio quer dizer ter um serviço a realizar, não por livre iniciativa ou por exigência dos próprios leitores, mas quando isso lhes é indicado ou pedido pelo bispo ou pelo presbítero, aos quais compete ordenar e organizar tudo o que se refere à celebração. No entanto, depois de nomeados, convidados ou instituídos, os leitores leigos não realizam um serviço litúrgico por concessão de quem os chama ou nomeia, mas porque são membros do povo de Deus, com capacidade para realizar o ministério que lhes é distribuído, em razão do sacerdócio comum ou baptismal. A capacidade para ler a Palavra na liturgia vem do Baptismo e Confirmação; o chamamento nasce do convite ou da nomeação da hierarquia.
Na primeira descrição que possuímos da leitura da palavra de Deus na Missa (S. Justino, ano 150), era o leitor leigo que fazia todas as leituras, mesmo a do Evangelho.
Tendo os leigos deixado de ser chamados para ler a palavra de Deus, de ministros passaram a ouvintes. Agora, de simples ouvintes voltaram a poder ser ministros da Palavra.
«As acções litúrgicas são celebrações da Igreja, isto é, do povo congregado e ordenado sob a presidência do bispo ou de um presbítero... Os leitores... ocupam na acção litúrgica um lugar especial... por causa do seu ministério» (MS 13: EDREL 2407).

4.2 Ao contrário do que por vezes parece pensar-se ou até dizer-se, o mais importante não é ser nomeado ou ser instituído leitor, mas sim chegar a ser bom leitor, e, com o tempo e a prática, tornar-se excelente leitor.
Bom leitor é aquele que profere, de modo bem inteligível, aquilo que lê; excelente leitor começa a ser aquele que, além de ler bem, lê com arte e com alma, com inteligência e com calma, adaptando a voz a cada género de leitura que proclama.
«O (...) leitor pronunciará os textos que lhe dizem respeito de forma bem inteligível para que a resposta do povo, quando o rito o exige, resulte mais fácil e natural. Convém que (...) os ministros de qualquer grau unam a sua voz à de toda a assembleia dos fiéis nas partes que pertencem ao povo» (MS 26: EDREL 2420).

O serviço do leitor na liturgia

Algumas sugestões para exercer bem o ministério de leitor nas celebrações litúrgicas.
 

1. Preparar a leitura

A. Conhecer e compreender o texto
Compreender o sentido do texto, captar a sua estrutura, as suas articulações, os seus pontos mais altos, a sua vivacidade.
- Quem fala no texto? A quem fala? Sobre quê? Com que finalidade?
- De que género de texto se trata? Um relato? Uma exortação? Um diálogo? Uma oração? Uma censura?
- O que sentem as personagens que aparecem no texto?
- Há palavras difíceis de compreender? Que significam?
- O texto é divisível em partes? Onde começa e acaba cada parte?

 B. Preparar uma leitura expressiva

Ver que entoação se deve dar a cada frase, quais são as frases que se devem ressaltar, onde estão os pontos e as vírgulas, qual a pontuação do texto.
- Quais as palavras mais importantes e as expressões ou frases principais que importa sublinhar?
- Onde fazer pausa, breve ou prolongada?
- Onde evitar a pausa?
- Qual o tom de voz (ou tons de voz) adequado ao texto?
- Qual o ritmo (as acentuações, os encadeamentos) e o movimento (acelerado, rápido, espaçado, lento) que se deve usar, no texto ou nas partes?

 C. Ler o texto em voz alta

- Ler o texto antes, em voz alta e várias vezes, com exercícios parcelares e com o texto completo.
- Identificar as armadilhas fonéticas, em que palavras se poderá tropeçar, etc.
- Articular e pronunciar bem cada palavra e cada sílaba; não negligenciar as consoantes.
- Não deixar cair demasiado o tom de voz, mesmo nos pontos finais; o verdadeiro ponto final está no fim do texto.

 2. Tarefa do leitor: exprimir os sentimentos do autor e das personagens

- A celebração litúrgica actualiza a palavra. O texto escrito torna-se palavra viva hoje, naquele lugar e para aquela assembleia. "Deus fala hoje ao seu povo".  É importante conhecer o texto e também conhecer o contexto da celebração.
- Não se trata de dramatizar, ou melhor dito, de criar uma ilusão, mas de reproduzir ou tornar vivos um texto e um acontecimento. Não se trata de atrair a atenção para a pessoa do leitor, mas para a palavra e acção divinas.
- O leitor tem a responsabilidade de, usando os seus dotes oratórios, a sua técnica refinada e a sua arte de dizer, promover o encontro vital e a comunhão entre Deus que fala e os ouvintes.

 3. Examinar alguns pormenores antes da celebração

- O Leccionário está no ambão (não uma revista ou jornal, ou folhetos)? Está aberto na página própria?
- O microfone está ligado? O volume, o tom e a altura estão correctos? Evite-se o seu ajuste durante a celebração, mediante o sopro ou os dois toques de dedos da praxe, ou outros ruídos perturbadores.
- A que distância deve estar a boca para que a voz seja audível e expressiva?
 
4. Saber deslocar-se para o ambão
- Situar-se, desde o começo da celebração, num lugar não muito afastado do ambão. Saber se há lugares previstos para os leitores. Tentar não vir de um lugar distante da igreja.
- Não avançar para o ambão antes de estar concluído o que precede cada leitura (oração, canto, admonição). Não aproximar-se do ambão quando se está a dizer ou a cantar outra coisa.
- Caminhar com um passo normal, sem ostentação nem precipitação, sem rigidez nem displicência, mas com uma digna e ritmada naturalidade.

 5. Postura

- Quando estiver diante do ambão, deve ter em conta a posição do corpo. Não se trata de adoptar posturas rígidas, nem demasiado descontraídas.
- Pés bem assentes, levemente afastados e firmes. Não balancear-se, nem cruzar os pés, nem estar apoiado apenas num pé, com pés cruzados ou um à frente e outro atrás.
- Não debruçado sobre o ambão, nem com os braços cruzados ou as mãos nos bolsos. Os braços poderão manter-se pendentes ao longo do corpo, ou dobrados para permitir um leve e discreto apoio das mãos na orla central do ambão (evitando tocar o Leccionário a fim de não o danificar com a adiposidade corporal).
- Colocar-se à distância adequada do microfone para que se oiça bem. Por causa da distância, frequentemente, ouve-se mal. Não começar, portanto, enquanto o microfone não estiver ajustado à sua medida (que deverá ser feito antes: a medida adequada costuma ser a um palmo da boca e na direcção da mesma). E lembrar-se que os estampidos que acontecem ou os ruídos que se fazem diante do microfone são ampliados...

 6. Apresentação

- Não trajar algo que possa distrair ou ofender os presentes, seja por ostentação, seja por desleixo, pouco conveniente ou ridículo (camisetas de anúncios, vestuário desalinhado ou sujo, penteados estranhos...).
- Ter critério e apresentar-se como pessoa educada e normal.

 7. Antes de começar

- Esperar que toda a assembleia esteja sentada e tranquila e se tenha criado um ambiente de silêncio e escuta.
- Respirar calma e profundamente.
- Guardar uma breve pausa para olhar a assembleia, a fim de a registar na mente, para estabelecer com ela contacto directo antes de iniciar a proclamação e pedir a sua atenção, pois é para ela que se dirige.

8. Título

- Ler só o título bíblico. Nunca se leia "Primeira Leitura" ou "Salmo responsorial", ou a frase a vermelho que precede a leitura.
- Não deve ser o leitor a ler também a introdução à leitura ou o comentário que a antecede.
- Após a leitura do título, faça-se uma pausa para destacar o texto que vai ser proclamado.

 
9. Ler com a cabeça levantada

- A cabeça deve estar direita, no prolongamento do corpo.
- Procurar ler com a cabeça levantada.
- Com a cabeça levantada, a assembleia contacta um rosto e o leitor exprime um texto dirigido à assembleia e não devolvido ao livro.
- O olhar deverá manter o contacto com a assembleia sem ser necessário os constantes e perturbantes exercícios de levantar e baixar a cabeça.
- Ao longo da leitura, com naturalidade, olhar também de vez em quando para a assembleia. Estas olhadelas, no meio da leitura, não se têm que impor como um propósito, o que seria artificial. Mas se sair naturalmente, poderá ser útil, especialmente nas frases mais relevantes: ajuda a acentuá-las, a criar um clima comunitário, e a ler mais devagar.
- Com a cabeça levantada, a própria voz ganha em clareza e volume. O tom de voz será mais alto e, portanto, mais fácil de captar.
- Se o ambão é baixo, será sempre melhor suster o livro nas mãos, levantando-o, que baixar a cabeça.
 
10. Ler devagar

- O ouvinte não é um gravador, mas uma mente humana que requer tempo para sentir, reagir, ouvir, entender, coordenar e assimilar. Geralmente, lê-se depressa e não se fazem as pausas adequadas, como pede o texto lido. A pontuação oral nem sempre coincide com a pontuação escrita. A leitura rápida pode cortar o contacto com a assembleia.
- Saber que há sempre tendência para ler demasiado depressa. Colocar-se no lugar dos ouvintes que descobrem o texto.
- Saber fazer pausas. Um silêncio longo para o leitor, é curto para o ouvinte.
- O principal defeito dos leitores, costuma ser ler depressa. Se lermos depressa, as pessoas, com algum esforço, poderão conseguir entender-nos, mas aquilo que lemos não entrará no seu interior. Recordemos: este continua a ser o principal defeito.
- Além de ler devagar, há que manter um tom geral de calma. Há que afastar o estilo do leitor que sobe à pressa, começa a leitura sem olhar as pessoas e, ao acabar, foge ainda mais depressa. Não deve ser assim: deve-se chegar ao ambão, respirar antes de começar a ler, lendo pausadamente, fazendo uma pausa no final, antes de dizer "Palavra do Senhor", escutar no ambão a resposta da assembleia e voltar ao lugar. Aprender a ler sem pressa, com aprumo e segurança custa; por isso, é importante fazer os ensaios e provas que forem necessários: é a única maneira!

 11. Durante a leitura

- Evitar apagar-se a cada frase ou, mais ainda, no fim do texto: a leitura exige uma continuidade. Não baixar o tom nos finais de frase. As últimas sílabas de cada frase têm que se ouvir tão bem como todas as restantes. Infelizmente, a tendência é para nestas sílabas se baixar o tom tornando-as ininteligíveis.
- Boa pronúncia.
- Vocalizar. Ou seja, remarcar cada sílaba, mover os lábios e a boca, não atropelar a leitura. Sem afectação nem teatro, mas recordando que se está “actuando” em público, e que o público tem que captar tudo bem. E uma actuação em público é distinta de uma conversa na rua.
- Evitar o tom cantante, falsamente atractivo; o tom teatral faz de cortina a Deus.

 12. Concluir a leitura

- Antes de dizer "Palavra do Senhor", fazer uma pausa após a última frase.
- Dizer a aclamação olhando para a assembleia.
- Dizer só "Palavra do Senhor" e nada mais (p.e.: "Irmãos, esta é a Palavra do Senhor" ou outras expressões semelhantes). Trata-se de uma aclamação e não de uma explicação. Dizê-lo em tom de aclamação, e não de explicação catequética, ou de informação. Importa que se sinta o carácter de aclamação pela forma como é dito.
- Seria mais expressivo que esta aclamação fosse cantada (pelo leitor, primeiramente, ou, em caso de necessidade, por outrem). Não sendo cantada, deveria ser dita em tom de voz mais elevado (entenda-se, não necessariamente num volume mais forte).
- Não abandonar o ambão antes da resposta da assembleia.
- Deixar o Leccionário aberto na página do Salmo responsorial ou da 2ª Leitura, para que fique pronto para o leitor que se segue.
- Regressar ao lugar com calma e naturalidade, em passo normal e firme.

13. Salmo responsorial
- O salmo responsorial deve ser cantado, se possível por outro ministro: o salmista. Se tiver de ser recitado, seja outro ministro a fazê-lo, e não o leitor da primeira ou da segunda leitura.
- O refrão do salmo dever-se-ia cantar. Quando é recitado tem menos impacto.
- É pedagógico que a assembleia repita, depois de cada estrofe do salmo, uma frase cantada simples e expressiva, que resuma a atitude espiritual do salmo (e, por conseguinte, da primeira leitura) – o refrão.
- Não é necessário que o refrão coincida literalmente com o que está no Leccionário, mas que respeite o seu sentido.

Fontes:
• Josep Lligadas, O leitor e o animador, Paulinas, Lisboa 2000
• Secretariado Diocesano de Liturgia do Porto, artigos diversos

O LEITOR E O TEXTO A LER (Excertos do opúsculo “Formação de Leitores”, publicado pelo Secretariado Diocesano de Liturgia)

1. O leitor não é dono do texto

O leitor perante um texto coloca-se na atitude não de dono que pode fazer o que muito bem lhe apetece, mas de um humilde servo que procura assimilá-lo plenamente para o transmitir fielmente. Primeiramente procura os meios, técnicos e pedagógicos, que lhe permitam penetrar e proferir de forma justa o texto.
A leitura em público tem as suas leis próprias. É preciso conhecê-las e pô-las em prática se se quiser, não só ser ouvido, mas escutado. Para ler em público não é evidentemente necessária a mesma aprendizagem a que está sujeito um actor de teatro ou um locutor da rádio ou da televisão, etc.. Mas há um mínimo abaixo do qual se deixa de ser sério quer aos olhos dos homens quer de Deus. Ora este mínimo de leis próprias é geralmente desconhecido do leitor para quem a leitura na Missa constitui a única ocasião de ler em público. Ninguém estranhará, porquanto não é essa a sua profissão.
Mas, então, é necessário que alguém - alguém com competência - o ensine e que ele próprio se disponha a aprender, com humildade e muita dedicação. Para a arte de dizer é necessário socorrer-nos dos cultores das artes da palavra (declamadores, actores, etc.). Os livros podem ser úteis, mas neste campo ensinam pouco, porque esta é uma disciplina essencialmente prática. Mas, para além disso, são indispensáveis conhecimentos de interpretação textual, bíblica e litúrgica. Conhecer a mensagem (apropriar-se dela) e transmiti-la (em toda a sua pureza e com toda a sua força expressiva)...

2. Alguns conselhos para uma preparação imediata

Leia primeiro em voz baixa, numa espécie de pesquisa do terreno, a fim de detectar os obstáculos ou as dificuldades que possam surgir: vocábulos difíceis quer quanto à pronúncia, quer quanto à intelecção; a pontuação, sinalizando as pausas para a respiração, a extensão dos períodos, descobrindo o ritmo e o andamento de modo a aplicar-lhes a sua capacidade respiratória; os pensamentos e sentimentos expressos no texto, de modo a possuí-los interiormente, o estilo do texto com os seus diálogos, interrogações e exclamações, etc.
«O primeiro cuidado que se há-de ter, quando se apresenta uma frase ou um período, é o de lê-lo com os olhos várias rezes antes de proferi-lo vocalmente. Examinar primeiro o sentido; compreender as ideias; assenhorear-se dos sentimentos. Ver depois a pontuação, as pausas para a respiração, ter cuidado com a acentuação dos vocábulos, com a pronúncia isolada das consoantes. Só depois deste exame completo, atacar então com calma e energia o período» (Manual de Califasia... de Silveira Bueno).
Leia de seguida em voz média: evitando, com todo o cuidado, a pressa; esforçando-se por articular bem as palavras; vigiando uma correcta respiração. Pode ajudar a recitação em recto tonu, quer dizer, sobre uma nota, sem qualquer expressão, atendendo apenas à respiração, articulação e tonalidade agradável. Trata-se de uma leitura simples e justa. Mas esta primeira fase é capital, é a base de qualquer leitura ou interpretação. Quem não souber respirar, articular bem, nunca poderá fazer nada.
Entramos então na leitura expressiva. Trata-se agora de penetrar nas ideias e de tomar posse dos sentimentos do autor. Aqui, desempenha um papel importante a exegese bíblica e a leitura litúrgica. O trabalho material foi realizado na fase anterior. Agora trata-se de pôr a funcionar a sua inteligência e sensibilidade. Muitos fracassam na leitura em público porque vão interpretar assuntos que não compreendem e, consequentemente, serão incapazes de sentir. O que a razão não compreende, dificilmente o poderá experimentar o coração em toda a sua riqueza emocional. Na leitura expressiva não deve cingir-se à pontuação escrita. É necessário não só alterá-la, como, por pezes, modificá-la inteiramente. O autor, quando escreveu, ateve-se às regras gramaticais (fez um trabalho para os olhos); o leitor fará um trabalho para os ouvidos. Por isso, a pontuação escrita é, por vezes, excessiva quanto à pontuação que o leitor deverá dar. Cada um deverá criar os sinais gráficos (que não vêm em nenhuma gramática) que melhor correspondam ao que se pretende expressar pela leitura. Note-se que a pontuação oral difere de pessoa para pessoa. O juiz supremo será sempre o texto objectivo e, portanto, o respeito pela objectividade do texto...
 
DEZ CONSELHOS PARA O BOM LEITOR

1. Ler antes a leitura. Se possível, em voz alta e várias vezes. Lê-la para entender bem o sentido, e para ver que entoação há que dar a cada frase, quais se devem realçar, onde estão os pontos e as vírgulas, em que palavras poderíamos enganar-nos... etc.
2. Junto do ambão, estar atento à posição do corpo. Não se trata de adoptar atitudes hieráticas e rígidas, mas também não se deve ler, por exemplo, com as mãos nos bolsos.
3. Situar-se a distância adequada do microfone para que se ouça bem. Às vezes, por causa do afastamento, ouve-se mal.
4. Não começar antes de o microfone estar à distância justa (qual é a distância justa, deve ter-se aprendido antes: a um palmo da boca costuma ser a colocação adequada).
5. Ler lentamente. O principal defeito dos leitores, neste país de nervos e de pouca formação para a leitura em público, é precisamente este: o ler depressa. Se se lê velozmente, os ouvintes talvez consigam entender-nos, mas o que lemos não penetrará neles. Há que afastar, pois, o estilo do que sobe a correr, começa a leitura sem olhar para as pessoas, e vai-se ainda mais depressa.
6. Ao chegar ao ambão, respirar antes de começar, ler fazendo as pausas nas vírgulas, uma respiração completa no ponto e uma pausa mais longa antes de dizer “Palavra do Senhor”. Aguardar ainda, junto do ambão, pela resposta do povo, e só depois voltar para o seu lugar.
7. Aprender a ler sem pressas, com aprumo e segurança, certamente que custa: por isso é importante fazer tantos ensaios e exercícios quantos sejam necessários. É a única forma.
8. Vocalizar. Isto é, sublinhar cada sílaba, mover os lábios e a boca, não se atropelar, não baixar o tom nos finais de frase. Sem afectação nem comédia, mas recordando que se está actuando em público, e que o público tem o direito a entender bem. E uma actuação em público é diferente duma conversa na rua.
9. Olhar para as pessoas. Os olhos não hão-de estar fixos todo o tempo no livro, mas de vez em quando há que levantá-los e dirigi-los com tranquilidade para os que nos escutam. Isso cria o clima de comunicação necessário para uma boa leitura. E ajuda a sublinhar as frases mais importantes: olhar as pessoas numa frase importante fá-la penetrar mais. Além disso ajuda o clima de leitura lenta de que já falámos.
10. Ler com a cabeça levantada. A voz aparece mais clara e o tom mais elevado. Também assim se pode olhar mais facilmente para a assembleia. Se for necessário, pode tomar-se o livro levantando-o, para não ter que baixar a cabeça.

 MAIS ALGUNS CONSELHOS AOS LEITORES

1. Uma coisa importante a fazer compreender a um leitor é a diferença entre a leitura privada e o tom público. Há leitores que têm dificuldade em tomar consciência desta diferença. Lêem para trinta pessoas como se estivessem a ler para duas. O tom público tem regras diferentes da leitura privada. Exige que se fale lentamente, que a palavra lida se dirija às pessoas mais afastadas, utilizando-se um tom mais elevado do que o habitual
2. Comprometer-se com a palavra. A assembleia deve comprometer a sua fé na palavra proclamada, tanto como o leitor... As respostas à saudação do leitor, a aclamação no fim das leituras, o refrão do salmo responsorial ou a proclamação comum do Credo concorrem para manifestar isso.
3. Fazer com que a palavra tome corpo. O Verbo de Deus encarnou no seio da Virgem. A palavra lida deve encarnar na vida de quem a escuta. É a vida de todos aqueles que se reúnem para a liturgia que deve “meter” a palavra no mundo. Cada qual é enviado à sua acção quotidiana e todo o grupo ao seu lugar no mundo dos homens.
4. A relação do leitor com a assembleia. A boa vontade de um leitor não chega para que seja vivido o que se disse anteriormente. Para cada aspecto entra em jogo a sua relação com toda a assembleia.
5. Dar voz à palavra. Trata-se de uma palavra proclamada diante de pessoas que escutam. Tudo o que polariza a atenção, tudo o que ajuda a audição é importante: esperar, para ler, que todos estejam em silêncio; deixar espaços na leitura; não ler tudo de seguida e rapidamente; dar tempo à palavra de penetrar naquele que a escuta; e ter cuidado com a atitude corporal.